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Moda depois da pandemia: como as marcas se adaptaram?

Moda depois da pandemia: como as marcas se adaptaram?

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Desfiles cancelados, lançamentos de coleções adiadas e lojas de portas fechadas. A pandemia que transformou o mundo da noite para o dia atingiu o universo da moda e quem faz dela não só um estilo de vida, mas também um meio de subsistência. Das grifes de luxo às lojas de departamento, confira as adaptações da moda depois da pandemia.

Moda depois da pandemia

Grifes de luxo

No início de junho deste ano, a marca Chanel apresentou 51 looks, todos assinados por Virginie Viard, via Internet. Por meio de um vídeo interativo com “zoom” nos detalhes de cada uma das peças, foi possível conferir a coleção inspirada em atrizes dos anos 1960.

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A linha foi intitulada “Balada en Méditerranée” (em português, “Passeio no Mediterrâneo”).

O fato é: as roupas em tons de branco, rosa e azul, não são apenas os lançamentos da renomada grife francesa de alta-costura, mas também exemplificam a necessidade de inovação e respeito que o momento exige.

Tudo isso longe da exuberância dos cenários de desfiles projetados pelo estilista Karl Lagerfeld, falecido em fevereiro de 2019, que costumavam surpreender o público.

Outras duas empresas que deixaram o excesso de lado e se inspiraram na simplicidade durante o período são Gucci e Dior. A fim de evitar prejuízos financeiros e sociais, as marcas têm investido no que há de mais clássico e na aproximação com os consumidores.

A Gucci resolveu apostar em uma linha sustentável, denominada Off the Grid, composta de materiais reciclados, orgânicos ou advindos de base biológica.

Para apresentar a coleção, nomes de peso e que costumam contestar os padrões estabelecidos da indústria têxtil, como a atriz e ativista Jane Fonda e o ambientalista e explorador David Mayer de Rothschild, foram convocados.

 

 

Recentemente, a marca italiana publicou um comunicado no Instagram alegando que, a partir de 2021, pretende realizar apenas dois desfiles anuais. O objetivo é respeitar o tempo e o processo criativo de cada um dos estilistas que sofrem com a obrigação de lançar novas coleções em períodos tão curtos.

Nascida em um período pós-guerra, desesperançoso e sem elegância, a maison Dior, fundada por Christian Dior, resgatou a beleza do corpo feminino em modelagens curvas, que possibilitaram que a cidade luz, Paris, retomasse o título de “epicentro da moda”, ameaçado pelos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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O “tailleur Bar” foi um dos símbolos da 1ª coleção assinada por Christian Dior.

Foi com a The New Look que Dior ganhou fama e, agora, 70 anos depois, é reinterpretada pelas mãos de Maria Grazia Chiuri, atual diretora criativa da grife. A semelhança com a coleção original é que a humanidade enfrenta, novamente, um novo período de incertezas e transformação.

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Vestido inspirado na forma do New Look (foto Brigitte Niedermaier/Divulgação)

Perante a crise, a decisão foi continuar marcando presença em eventos do setor, como o Paris Fashion Week e as Semanas de Moda, que movimentam a economia das cidades onde ocorrem.

Lojas de departamento

Localizadas especialmente em shoppings centers, muitas lojas de fast-fashion (termo utilizado para definir a produção de roupa em massa) pausaram o atendimento presencial logo nas primeiras semanas de março.

Em entrevista ao The Capital Advisor, o presidente da C&A, Paulo Correa, declarou que a saída foi investir nos canais digitais, além de postergar reformas e abrir lojas no formato “dark”, funcionando apenas como centros de distribuição.

Contudo, conforme as orientações municipais e estaduais, algumas lojas de departamento já estão abrindo as portas novamente, retomando o contato com o público de forma gradual e seguindo os cuidados recomendados.

Agora, quem entra em algumas das 367 lojas da Renner no Brasil, que também precisou replanejar 2020, logo nota marcações no piso, orientando o distanciamento social, e os provadores fechados.

O CEO da rede, Fabio Faccio, explicou durante uma live transmitida no YouTube sobre como a marca resolveu enfrentar a doença: “[…] no início de março a “coisa” começou a parecer que poderia vir ao Brasil de forma mais grave […] então, começamos a implementar várias medidas de higiene, saúde e segurança.”.

Na live, Faccio explica ainda que a empresa elaborou um plano de ação dividido em 4 pilares essenciais:

  1. Preservação da saúde e da vida das pessoas envolvidas nos processos do grupo (parceiros, clientes, colaboradores e a comunidade em geral;
  2. Preservação dos empregos e da renda da equipe e dos parceiros;
  3. Preservação da saúde financeira da empresa a fim de sustentar todos os pilares;
  4. Apesar da queda de receita, procurar formas de ajudar tanto quem está na linha de frente de combate à doença, quanto a comunidade.

Digitale Têxtil

Sem a indústria têxtil, a moda ficaria apenas no imaginário. Responsável por dar vida a diversas coleções, o setor também sentiu os impactos da crise.

De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Têxtil e de Confecção (Abit), 96% das empresas tiveram queda na carteira de encomendas, e mais da metade das fábricas (55%) registrou redução superior a 50% na quantidade de pedidos.

Como uma forma de organizar e também facilitar o processo de escolha das estampas, a Digitale Têxtil desenvolveu um sistema de seleção de estampas (WebApp) para ajudar os clientes a selecionarem as estampas que mais combinam com suas coleções.

O sistema mostra todas as variantes disponíveis da estampa e também disponibiliza máscaras para aplicar a estampa desejada e ter uma ideia de escala e proporção.

Está solução foi desenvolvida para diminuir a necessidade de visitas ao showroom para escolha de estampas, ajudando e otimizando o processo de seleção de estampas.

Para solicitar o acesso à plataforma ou saber mais detalhes, clique aqui e preencha o formulário disponível.

Revistas de moda

Se as marcas de moda e a indústria precisaram se reinventar depois da pandemia, a imprensa que cobre e divulga as tendências que ditam o lifestyle de muitas pessoas, também.

As capas foram as que mais sofreram transformação. Em abril, a Vogue Itália lançou uma edição com capa branca – não por falta de imagem, como ironizou na publicação realizada no Instagram, mas por respeito.

 

Ver essa foto no Instagram

 

The Vogue Italia April Issue will be out next Friday 10th. 🤍🤍🤍 “In its long history stretching back over a hundred years, Vogue has come through wars, crises, acts of terrorism. Its noblest tradition is never to look the other way. Just under two weeks ago, we were about to print an issue that we had been planning for some time, and which also involved L’Uomo Vogue in a twin project. But to speak of anything else – while people are dying, doctors and nurses are risking their lives and the world is changing forever – is not the DNA of Vogue Italia. Accordingly, we shelved our project and started from scratch. The decision to print a completely white cover for the first time in our history is not because there was any lack of images – quite the opposite. We chose it because white signifies many things at the same time. 🤍🤍🤍 White is first of all respect. White is rebirth, the light after darkness, the sum of all colours. White is the colour of the uniforms worn by those who put their own lives on the line to save ours. It represents space and time to think, as well as to stay silent. White is for those who are filling this empty time and space with ideas, thoughts, stories, lines of verse, music and care for others. White recalls when, after the crisis of 1929, this immaculate colour was adopted for clothes as an expression of purity in the present, and of hope in the future. Above all: white is not surrender, but a blank sheet waiting to be written, the title page of a new story that is about to begin.” #EmanueleFarneti @EFarneti #imagine #FarAwaySoClose #WhiteCanvas — Read the full Editor’s letter via link in bio. Full credits: Editor in chief @Efarneti Creative director @FerdinandoVerderi

Uma publicação compartilhada por Vogue Italia (@vogueitalia) em

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Já em junho de 2020, os desenhos realizados por crianças entre 2 e 10 anos, “as vítimas mais ignoradas e menos óbvias da pandemia”, segundo a revista, são o destaque.

As ilustrações são inspiradas em grandes estilistas que revolucionaram o mundo fashion, como Coco Chanel.

Após fechar em 2018, a Revista Elle retomou as atividades no Brasil neste ano e, na busca de algo novo, desafiou 22 fotógrafos a registrarem um editorial de moda em casa, cujas modelos deveriam ser pessoas comuns.

Uma das primeiras iniciativas da magazine durante a pandemia também foi o movimento #olhaelle. Dos quatro cantos do Brasil, 16 pessoas tiveram seus estilos capturados pelas lentes de Gleeson Paulino sem precisar sair de casa.

A ideia foi trazer mais intimidade para a edição brasileira que será publicada no formato digital.

Na prática: a moda no combate à pandemia

Com o objetivo de minimizar os impactos da pandemia no mundo, também estão sendo realizadas ações de contenção, seja produzindo máscaras ou equipamentos para quem está na chamada linha-de-frente (enfermeiros, médicos, cientistas, entre outros).

Listamos atitudes solidárias de alguns dos maiores nomes envolvidos com a indústria têxtil e de confecção:

Renner

Só no começo de junho foram doadas 1,3 milhão de máscaras e aventais para diversos hospitais brasileiros. A iniciativa faz parte do pacote de R$ 4,1 milhões que a empresa está destinando ao combate da disseminação da doença.

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Grupo Hospitalar Conceição (GHC) recebeu 131 mil máscaras e 2.650 aventais das Lojas Renner. (Foto: Divulgação/imprensa GHC)

Riachuelo

No início da pandemia no Brasil, a Riachuelo já se prontificou a fabricar mais de 40 mil itens hospitalares para doação. Toucas, máscaras e jalecos médicos foram confeccionados.

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30 mil máscaras, 1.000 batas cirúrgicas, 500 tocas e 1.000 jalecos foram doados para a Secretaria de Saúde de Manaus. (Foto: Fundo Manaus Solidária/Divulgação)

Grupo AMC

Detentor de marcas como Colcci e Forum, o Grupo AMC doou 100 mil mascaras de proteção em abril a populações em situação de vulnerabilidade.

Grupo Armani

Com as fábricas focadas na confecção de jalecos descartáveis para médicos, o dono da grife italiana, Giorgio Armani, chegou a doar € 1,25 milhão (cerca de R$ 5 milhões) para quatro hospitais e para proteção civil da Itália. A iniciativa aconteceu em março deste ano.

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Grupo tem produzido máscaras e macacões com o objetivo de proteger profissionais de saúde. (Foto: Alessandro Garofalo/Reprodução)

Louis Vuitton

Durante a falta de álcool em gel, três das maiores fábricas de perfume da marca passaram a produzir o produto, que foi destinado às autoridades de saúde e aos hospitais franceses gratuitamente.

O “novo normal da moda” pós-pandemia

Como será o pós-pandemia? Muito já se fala em um “novo normal”, especialmente no setor da moda. Ao que tudo indica, muitas serão as perguntas que permearão a mente dos consumidores antes de adquirir novos itens:

  • “Qual a origem?”
  • “Existe um propósito?”
  • “Qual a responsabilidade dessa empresa em transformar o mundo em um lugar mais saudável e justo?”

Leia também: Retomada segura e consciente é dever de todos

Com as tendências, não será diferente. Matérias-primas sustentáveis e responsáveis, valorização do passado visando resgatar a afetividade e o bem-estar, tons neutros e tecidos aconchegantes prometem marcar presença.

O fato é: a experiência de compra na moda depois da pandemia, seja ela atrás da tela de um smartphone ou presencialmente, está em mudança para que prejuízos sejam minimizados.

Portanto, mais cedo ou mais tarde, as pessoas voltarão a compartilhar a paixão por essa arte que, unida de tecidos, modelagens e cores, sem dúvidas, conta e continuará contando a história da humanidade.

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