Moda autoral: como aderir ao movimento?
O fast fashion revolucionou a moda, oferecendo peças com preços acessíveis graças à produção em massa. Porém, mesmo que existam pontos positivos, esse movimento acaba oferecendo vestimentas de qualidade inferior e com pouca durabilidade.
Como resposta, muitos produtores buscam distanciar-se dessa produção em massa e apostar em confecções artesanais, que agregam valor e mostram-se uma alternativa mais sustentável e com maior qualidade.
Do movimento slow fashion ao da moda autoral, estilistas e costureiras do mundo todo estão buscando novas formas de se reinventar. Para saber mais sobre o universo da moda autoral, continue a leitura!
O que é moda autoral?
De forma simples, pode-se definir a moda autoral como aqueles produtos feitos por criadores que acompanham de perto todo o processo de produção, desde a seleção de tecidos até a chegada da peça ao cliente final. Por conta disso, as vestimentas são produzidas em menor escala, normalmente com venda local – ou digital.
Essa característica também afeta a mão de obra: na moda autoral, é comum que a maior parte da produção seja feita com profissionais locais. Todos esses pontos refletem no resultado final, que costuma espelhar-se na cultura local.
Também podemos encaixar o conceito na moda artesanal, que prevê um cuidado manual com a produção. Outro ponto positivo, tanto para o criador quanto para o cliente final, está na originalidade e personalidade das peças.
Por conta dessas características, muitos confundem a moda autoral com a moda conceitual. Mesmo que a proximidade do idealizador na produção seja parecida, os dois estilos possuem diferenças importantes.
Enquanto a moda autoral pensa e afeta todo o ciclo de produção, a conceitual leva mais em conta o momento da produção em si, sem refletir diretamente na distribuição e venda, por exemplo. Além disso, a moda conceitual pode ser mais inacessível – na maioria das vezes, desfiles e apresentações-conceito acontecem de forma privativa – e nem sempre a venda das roupas em si é o objetivo.
Sustentabilidade e personalidade
A moda autoral está intrinsecamente ligada à sustentabilidade. Das fibras, tinturas até o modo de produção, tudo é escolhido tendo em mente durabilidade e um descarte consciente, reduzindo a poluição em todas as etapas.
Esse cuidado combina perfeitamente com a iniciativa de produção em pequena escala. Afinal, quando se produz menos peças, é possível priorizar a qualidade e não a quantidade, evitando desperdícios na produção. Com isso, as vestimentas também ganham um toque de personalidade, que se alia à exclusividade de peças produzidas sobre essa lógica.
Moda autoral e as tendências do setor
Segundo a UseFashion, empresa brasileira especializada em previsões do setor, a valorização da produção local e a sustentabilidade são algumas das principais tendências de negócios para os próximos anos. Assim sendo, movimentos como a moda autoral estão completamente de acordo com a direção que o mercado está tomando.
O estilo autoral questiona justamente o tumulto do fast fashion, pautado no see now, buy now. Consequentemente, o objetivo é produzir em menor escala, com práticas sustentáveis e mão de obra local. Tudo isso faz com que este nicho ganhe visibilidade no mercado da moda, atraindo os novos consumidores, mais antenados e preocupados com questões sociais.
Além disso, observamos um valor afetivo agregado às peças. Essa questão, aliada à transparência das marcas autorais, garante a identificação com o público e promove um consumo mais consciente. Afinal, não se trata somente de adquirir aquilo que está em alta, mas comprar de uma marca regional, que possui um posicionamento e cadeia produtiva específicos.
Mais do que nunca, a responsabilidade social e ambiental, além da criação de vínculos com os consumidores, é indispensável. Em função disso, a moda autoral, por conta de seus preceitos, alia originalidade com sustentabilidade e promete ser palco central no setor.
Por que investir em moda autoral?
Além da moda autoral ser uma forte tendência, outros fatores podem incentivar marcas de pequeno e médio porte a investirem na autoria em suas coleções. Apesar de não estarmos falando sobre um movimento com foco puramente comercial, muitas possibilidades surgem a partir da fidelização dos clientes.
Marcas de moda autoral possuem uma grande liberdade criativa já que estão preocupadas em identificar suas peças com aquele que as criou ou vai adquiri-las. Muitas vezes, trata-se de coleções que não necessariamente seguem as últimas tendências mas, por sua originalidade, atraem um público que está disposto a pagar pelo diferencial.
Isso também não significa que a moda autoral seja inacessível. Muitas marcas independentes prezam por um preço justo e, normalmente, investem em tecidos de qualidade para as peças. Além disso, elas justificam a precificação de acordo com a mão de obra contratada.
Essa transparência faz com que o consumidor entenda para onde o seu dinheiro está indo e se proponha a investir em uma roupa com um valor mais agregado. Até porque, se tratando de um consumo mais consciente, aquele que está disposto a pagar procura uma peça durável e que faça sentido com seus posicionamentos.
Ou seja, ao investir na moda sustentável e em produtos autorais, você tem a possibilidade de atingir novos nichos e fidelizar clientes. Para além disso, esse processo incentiva a economia local e preza pela qualidade que, muito provavelmente, será notada quando alguém comprar uma peça.
Marcas brasileiras de moda autoral
Ainda em dúvida sobre o que é ser autoral? Confira 4 marcas brasileiras que investiram neste nicho:
1. Ateliê Bangalô
Com coleções-cápsulas produzidas sob demanda, o Ateliê Bangalô possui uma série de iniciativas incríveis que transformam a experiência de compra em algo único.
A marca, além de produzir suas peças apenas enquanto o material estiver disponível, utiliza refugo têxtil — as sobras e garimpos de tecidos — em sua confecção e direciona 5% do lucro das vendas para projetos sociais.
As roupas, exclusivas e limitadas, são produzidas por uma mão de obra idosa, que dá vida a cada peça com calma e zelo. Quando uma compra é realizada no site da marca, eles fornecem um prazo de 15 dias para produção, além do prazo de entrega.
A marca define sua personalidade ao expressar o cuidado com a confecção, a preocupação com o meio ambiente e com a cadeia produtiva. Isso gera grande identificação com o público que a acompanha.
2. Grimmer Lab
A Grimmer Lab se define como um “Lab criativo”, desenvolvendo estampas autorais em suas camisas. Com foco em moda sustentável, criatividade e consumo consciente, a marca conta as Histórias do feminino em seus produtos.
Além disso, o Instagram da marca divulga diversos conteúdos para conscientizar seus seguidores e consumidores sobre suas práticas sustentáveis, e trata questões como criatividade e o impacto ambiental da moda nas postagens.
3. Oui Studio
A Oui Studio é uma marca com foco em alfaiataria. Com peças autorais e exclusivas, a marca também se mostra muito transparente ao afirmar que, apesar de não ser completamente sustentável, caminha para esse objetivo.
Na página “Sobre” de e-commerce da loja, a Oui explica que usa matérias primas orgânicas e ecológicas em sua confecção, como fibras naturais, mas também poliéster, porque não conseguiram naturalizar 100% de sua produção. Além disso, a marca utiliza mão de obra local, composta majoritariamente de mulheres.
Criar um posicionamento também se refere à transparência e comprometimento com o amanhã. Marcas como a Oui Studio servem como referência de que é possível dar uma passo de cada vez, em busca de um futuro mais sustentável.
4. Urban Flowers
A Urban Flowers produz calçados veganos e sustentáveis. Sua confecção é feita à mão sob demanda, com a utilização de matérias-primas recicladas. Além disso, a marca possui práticas de lixo zero, com iniciativas que reduzem o descarte e o consumo excessivo de recursos naturais.
Como aderir?
Para participar do movimento da moda autoral, toda a cadeia de produção deve ser pensada por você. Pequenas confecções e costureiras autônomas, muitas vezes, já estão com meio caminho andado, pois é mais comum que produzam em pequena escala e que quem idealiza as peças esteja diretamente envolvido com a sua produção.
A escolha de tecidos faz parte dessa análise da produção. Prefira fibras que podem ser feitas utilizando menos água e que sejam mais duradouras e resistentes.
Tecidos tecnológicos são uma boa pedida, visto que agregam maior valor à peça e são produzidos com cuidado especial na durabilidade. A escolha de mão de obra também deve seguir a lógica do conceito, que é valorizar o trabalho local e sua cultura, que irão refletir diretamente nas peças.
A moda autoral propõe o resgate da produção artesanal e o cuidado com todas as etapas da produção de roupas bonitas, confortáveis, com personalidade e que não agridem o meio ambiente.
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