Arquitetura têxtil: uso de tecidos além da moda


Se tem uma característica que é específica dos tecidos, é a versatilidade. Com eles, as possibilidades de criação são infinitas. Mas, e nos ambientes, é possível usar tecidos para decorar e até estruturar espaços? Para a arquitetura têxtil, sim!
Datado há mais de 35 mil anos, o material utilizado pelo homem nos primórdios daquilo que conhecemos como habitação eram ramos de árvores e peles de animais, as mesmas coisas usadas para proteger o corpo durante os diferentes climas.
Com a evolução da nossa espécie e após revoluções industriais, responsáveis por fortalecer diversas tecnologias, o valor social do tecido nos dois últimos séculos tornou-se significativo.
Atualmente, muito além das passarelas e das vitrines, as diversas bases e estampas de tecidos têm conquistado a Arquitetura, seja na criação de estruturas com membranas de poliéster/PVC (fibra sintética mais consumida no Brasil) e lonas; e a Arquitetura de Interiores, cuja responsabilidade é decorar ambientes, como casas, apartamentos, lojas e escritórios, unindo necessidade e estilo.
Projetos de arquitetura têxtil
Seja em obras esportivas, industriais, culturais ou comerciais, os tecidos podem ter sua aplicabilidade em coberturas, claraboias, fachadas, marquises e esculturas. Veja alguns exemplos de projetos de arquitetura têxtil.
Coliseu
Não, a arquitetura têxtil não é mérito da era moderna. Construído pelos romanos 80 d.C, o anfiteatro Flavius, conhecido como Coliseu, tinha um toldo retrátil de linho chamado de Velarium.
Apoiado por 240 mastros, o objetivo era proteger os espectadores do sol e da chuva.

Aeroporto Internacional de Denver
Inaugurado em 1995, nos Estados Unidos, o Aeroporto Internacional de Denver, Colorado, é considerado o quinto mais movimentado da América do Norte.
Ele é formado por uma estrutura chamada de conoide, composta por membranas tensionadas de fibra de vidro. A ideia foi remeter às montanhas rochosas que são comuns naquela região.

Teatro de Arena Elis Regina
No Brasil, é possível encontrar grandes e impactantes obras feitas com membranas tensionadas. Contudo, as mais comuns são as temporárias e de pequeno porte.
Uma obra simples e permanente que merece destaque é o Teatro de Arena Elis Regina, localizado em Americana (SP). Inaugurada no ano de 1981, a obra possui capacidade para abrigar 930 pessoas sentadas, tem dois camarins, quatro banheiros e um total de 1.448 m² construídos.
Porém, o teto que lembra um local de espetáculos, como um circo, só foi colocado após uma revitalização realizada em 2004.

Domo do Milênio
A arena multi-esportiva, Domo do Milênio, foi projetada pelo arquiteto Richard Rogers e custou cerca de 850 milhões de libras.
Esse ícone da arquitetura já recebeu artistas como Madonna, Beyoncé, Lady Gaga, Enrique Iglesias e muitos outros, além de ter sido palco de algumas competições do Jogos Olímpicos de Londres de 2012.

Indústria têxtil e meio ambiente
O último relatório A New Textiles Economy, publicado em 2017 pela Fundação Ellen MacArthur, explica que a ascensão do fast fashion tornou as roupas descartáveis, especialmente nos últimos 15 anos, já que a qualidade da produção tende a ser baixa, enquanto a quantidade é duplicada.
Dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) apontam que o Brasil é o quarto maior produtor de malhas no mundo, sendo que a produção média de confecção no ano de 2018 foi de 8,9 bilhões de peças, incluindo vestuário, meias e acessórios, além do setor de cama, mesa e banho. Enquanto a produção média têxtil foi de 1,2 milhão de toneladas.
Desse total, o residômetro da SustexModa, atualizado pela última vez no dia 17 de março de 2020, estima que 6.340 toneladas de roupas pós-consumo e 23.824 toneladas de resíduos do corte da indústria têxtil do Brasil vão parar diretamente nos aterros sanitários da capital paulista.
Se você pretende colaborar com o meio ambiente e dar novas finalidades para os tecidos, porém não tão profissionais e específicas como as membranas utilizadas na criação de estruturas físicas da arquitetura têxtil, trouxemos algumas dicas de design de interiores para usar tecido de decoração:
Cachepô de tecidos para plantas
Ao invés de investir em um vaso novo e descartar o que já vem com a planta, o cachepô pode ser uma ótima alternativa para dar mais vida para a flor e reaproveitar retalhos de tecidos.

Quadros de tecidos
Colocar os tecidos nas paredes, emoldurados ou pendurados, pode proporcionar ao ambiente um visual novo sem que seja necessário gastos exorbitantes.

Capas de tecidos para cadeiras
Além de proteger as cadeiras, as capas de tecido dão um charme a mais e não precisam seguir o mesmo padrão.

Sousplat e guardanapos de tecido
Quanto mais coloridos os tecidos utilizados na confecção de guardanapos e de sousplats, mais alegria na hora da refeição.

Revestimento de móveis
Revestir os móveis com tecido é uma prática ideal e sustentável na hora disfarçar desgastes ou a pintura envelhecida do móvel.

Apesar de ser uma área com poucos profissionais com conhecimento especializado e a preferência por obras convencionais ainda ser grande, especialmente no Brasil, a arquitetura têxtil tem como principal atributo a estética, a agilidade e a modernidade.
Por essas características, a expectativa é que haja um crescimento de mercado nas próximas décadas, especialmente durante a realização de Copas e Jogos Olímpicos. Assim, as cidades poderão ganhar formas mais fluidas, leves, atraentes e iluminadas.
Gostou dessas ideias? Você pode até usá-las na decoração do seu atelier de costura, já pensou?
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