Upcycling na moda: o que é e como aderir ao movimento
A sustentabilidade é um fator determinante na compra: quase 90% dos consumidores preferem empresas sustentáveis. O upcycling surge, nesse contexto, como alternativa para defender o consumo consciente na moda e minimizar os impactos ambientais causados pela produção têxtil.
Continue a leitura para conhecer o conceito do upcycling na moda e entender como aplicá-lo na sua confecção.
O que é upcycling?
Resumidamente, upcycling é o processo de criação de novos itens a partir de materiais já existentes. Seu custo é baixo, consome pouca energia e dispensa o uso de componentes químicos.
Ao reaproveitar o material original, a vida útil do produto é prolongada, evitando que ele seja rejeitado e substituído por uma nova versão – que, eventualmente, também seria descartada.
Upcycling na moda
O ciclo de produção do mundo da moda está longe de ser sustentável: a fabricação têxtil é uma das mais prejudiciais ao meio ambiente, seja pela liberação de toneladas de gases de efeito estufa ou pelo descarte indevido de peças de roupas.
O upcycling transforma resíduos têxteis em novas roupas, duplicando o ciclo de vida das peças. Do ponto de vista criativo, também agrega novas informações ao produto, que pode ser repaginado de acordo com as tendências do mercado.
O movimento slow fashion, que vem tornando-se mainstream, caminha lado a lado com o upcycling. O objetivo de ambos é fazer com que o consumidor perceba as consequências da produção desenfreada e a importância do consumo consciente e responsável.
Por que o upcycling ganhou tanta força?
Não é nenhuma novidade que a pandemia transformou radicalmente o mundo. A população se isolou do dia para a noite, diversas empresas enfrentaram e ainda enfrentam grandes desafios, com processos que sofrem impactos por conta da falta de fornecedores, verba, público, entre outros fatores.
Além de tudo, os consumidores mudaram seus hábitos e anseios. Empresas como a WGSN – Worth Global Style Network realizam previsões sobre os novos comportamentos do público e como eles afetam a indústria como um todo.
O relatório Consumidor do Futuro 2023 já indica quatro novos perfis: Antecipadores, Novos Românticos, Inconformados e Condutores.
Entre estratégias transculturais, fomento à diversidade e uso da tecnologia como ferramenta de venda e integração, um denominador comum é percebido: a sustentabilidade.
O futuro é incerto para nós e para o planeta. Os consumidores sabem disso e querem apoiar marcas que auxiliem a transformação do setor em uma indústria ecologicamente e socialmente responsável. Por isso, movimentos que colaboram com a não agressão do meio ambiente estão em alta. E o upcycling faz parte disso.
Com a preocupação crescente em processos e cadeias produtivas responsáveis, a ideia de reutilizar estoques e criar novos produtos a partir de algo que já existe é bastante interessante. Além de tudo, peças limitadas, criativas e que carregam algo além da estética são muito atrativas no cenário atual.
Por fim, o upcycling também é uma ótima iniciativa para momentos de incerteza econômica, já que a confecção é feita com estoques parados e peças antigas, eliminado a necessidade de compra das matérias primas.
Diferenciais e benefícios
Um dos grandes benefícios do upcycling é o fato de sua produção reduzir significativamente o descarte e a exploração.
Reaproveitar estoques parados, tanto de peças quanto de tecidos, também faz com que sua empresa consuma menos água e energia, além de reduzir a necessidade de novas matérias primas.
Outro ponto positivo do movimento é o fato dele instigar a criatividade e gerar produtos com valor agregado, que carregam consigo um propósito. Os custos de produção também são bastante reduzidos, ainda mais porque marcas que investem em moda e sustentabilidade atuam não só em prol do upcycling, mas em processos desacelerados e responsáveis, como o slow fashion e a economia circular.
Marcas de upcycling
Diversas marcas e iniciativas com foco em upcycling estão ganhando visibilidade. Elencamos quatro delas abaixo, confira:
Insecta Shoes
Referência do upcycling no Brasil, a Insecta Shoes produz sapatos veganos a partir de roupas de brechó. A empresa também transforma garrafas PET em tecido e confecciona o solado dos produtos a partir de borracha reciclada. Um ótimo exemplo de comprometimento com a sustentabilidade!
A marca tem consciência do impacto da moda no meio ambiente e não apenas fabrica seus produtos a partir de outros já existentes, mas possui um manifesto para divulgar seus valores, além do relatório de impacto de sua produção. Ambos os materiais podem ser visualizados por qualquer pessoa e estão disponíveis no site da empresa.
Comas
Logo na página inicial do e-commerce da Comas, uma mensagem sobre a necessidade de repensar a forma como produzimos e consumimos é direcionada ao usuário. A marca, além de produzir peças a partir de estoques parados e resíduos industriais do setor, promove cursos e mentorias para disseminar o valor e a importância do upcycling na moda sustentável.
Ateliê Bangalô
Marca de moda artesanal, o Ateliê Bangalô trabalha com confecção sob demanda e utiliza refugos da indústria e garimpos duráveis em seus produtos. Ou seja, toda a matéria-prima envolvida no processo provém do reaproveitamento de materiais que, caso não fossem utilizados pelo Ateliê, seriam descartados.
Também trabalham com coleções cápsulas, uma vez que utilizam apenas materiais disponíveis enquanto estoques durarem. Toda essa lógica produtiva gera uma peça com valor que vai muito além do estético e mostra o poder do upcycling nas roupas.
BumpBox
Outro exemplo de upcycling é a iniciativa da BumpBox, que promove a reutilização de roupas para mulheres grávidas. Ao realizar sua assinatura, você pode selecionar quatro peças dentre o banco de roupas disponível e deve devolvê-las em quatro semanas. Após esse período, se decidir renovar sua inscrição, poderá selecionar outras quatro novas peças. Uma forma inovadora e criativa de repensar o consumo!
Como aderir à tendência
Agora que você já tem conhecimento do que é o upcycling na moda, chegou a hora de visualizá-lo na prática. A principal metodologia é o aproveitamento de tecidos, seja por meio de colagens ou transformando inteiramente uma peça.
Blusas viram vestidos, saias, bolsas, faixas de cabelo, sapatos e itens variados. Peças garimpadas, com defeitos e produzidas para períodos específicos, como a gravidez, também podem servir de matéria-prima para uma moda mais sustentável.
Aliado a isso, as empresas podem utilizar os recursos digitais e a tecnologia para diminuir a quantidade de sobras dos tecidos e aproveitá-los por completo.
O upcycling vem ganhando adeptos ao redor do mundo todo, incluindo grifes e estilistas de renome. Ao adotar a técnica na sua confecção de moda, você garante melhores condições ambientais na produção têxtil e diferencia a sua marca no mercado.
O que acha de receber atualizações sobre as movimentações do setor? Preencha o formulário abaixo e fique por dentro de todas as novidades!
Gostei muito da matéria. Tenho uma fábrica de roupas esportivas, mais voltada para bike, e sempre achei que deveriamos ter uma maneira de aproveitar as sobras de tecidos e as peças que ficam encostadas. E esse movimento é muito importante para que o público aprenda a comprar essas peças feitas com esses materiais.
Que bom que gostou, Marina! Concordamos completamente e ficamos felizes de ver essas iniciativas!
Quer ficar por dentro de mais dicas? Assine nossa newsletter e receba novos textos semanalmente, diretamente em seu e-mail!